Das castas da Costa
(por R. Caruso)
I
Da Costa,
pelas costas,
dá as costas ao povo.
Crendo ter as costas largas
e estando com costas quentes,
pensa que pode zarpar da costa,
encostado em cargos do povo.
De cá, do povo,
não nos acostumemos!
Mesmo que custe muito,
atravessaremos tormentas!
Custe o que custar,
atacaremos da Costa!
Dos mares revoltos,
atracaremos à costa!
II
Se a
casta de eminentes,
encastelada em Congregações, Conselhos;
se os doutos, essa casta,
iludem-se no alto de seus castelos;
Ao jogar-nos ao mar,
para cruzar até o novo lugar,
lembrem-se dos conselhos,
Outrora dados, pelo povo,
aos que antes cederam
Aos cantos das sereias:
(Vejam, a que custo!)
Com a promessa de aportar rios de dinheiro,
ornar
suas cátedras,
entregaram o simples, mal-tratado,
— “mas é o que temos!”, respondíamos —
entregaram-no inteiro,
e imaginaram-se em belas catedrais.
Saibam que, agora,
daquelas belas, ilusórias,
restou-se caos naquele cais;
saibam que eles ora se assombram,
— com o resto do povo
que outrora os aconselhava—
a divisar o “novo” prometido castelo,
numa fortaleza noutro cais.
Ouvindo da casta com da Costa,
— esses que assim ignoram os lá angustiados—,
o brado “está vazio!”,
se perderão nesse antigo castelo,
Mas que, de fato, está apenas abandonado,
quatro vezes maior que suas sonhadas catedrais!
III
Assustem-se, temam esses amotinados!
Que sabem que não se sentirão fundidos,
apenas diluídos.
Se sentirão perdidos, esquecidos,
Que se juntarão
aos gritos
dos muitos que lá encontrarão,
e a eles se congregarão
também revoltados.
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