OBS: Após o histórico, segue a "Carta Aberta dos Servidores do Hospital Federal da Lagoa, ao estado do Rio de Janeiro: Nós sempre estaremos aqui! HFL Fica!" (de 14 de abril de 2025).
Um pouco do histórico.
Como num “quem vai querer?”, a primeira
proposta, em 13/6/2023, para o Hospital Federal da Lagoa (HFL) era entregar
para o governo estadual. Então, o projeto seria “converter a
unidade, que fica na Zona Sul da capital, num instituto de referência para
tratar casos de câncer” (veja: aqui e aqui).
Como se o caso do IASERJ na cruz vermelha nunca tivesse existido (veja aqui no nosso blogue), o governo estadual que estadualizar o Hospital da Lagoa era “para torná-lo um grande centro oncológico. E assim desafogar os atendimentos no Inca (Instituto Nacional do Câncer), que está operando acima de sua capacidade”. Como a notícia fez questão de citar, “o futuro Instituto Estadual do Câncer, estima a Secretaria estadual de Saúde, representaria um aporte entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões por ano, que seria arcado pelo estado, apesar da previsão de dificuldades de caixa nos próximos anos. O custo calculado é quase o triplo do atual — R$ 100 milhões, bancado pelo Ministério da Saúde”. Uma promessa absurdamente incongruente com a prática e condição fiscal estadual de contínuo anúncio de falta de verbas... (para um pouco da situação fiscal, veja nessa postagem do nosso blogue aqui)
Depois, ele “desiste” e quem se
prontifica para o serviço é a Fiocruz.
Caso Hospital da Lagoa, 2023:
Em 13/06/2023, protestos frentes aos
movimentos do governo. “Rede federal faz assembleia urgente nesta quarta
(14/6). Abaixo a estadualização do Hospital da Lagoa” (https://sindsprevrj.org/rede-federal-faz-assembleia-urgente-nesta-quarta-14-6-abaixo-a-estadualizacao-do-hospital-da-lagoa/).
Lembremos: a estadualização vinha sendo tentada desde 2021. Já em 7/4/2021,
protestos eram organizados contra a estadualização (aqui: https://sindsprevrj.org/nesta-quarta-7-4-todos-aos-atos-na-lagoa-e-andarai-contra-a-estadualizacao-por-vacina-ja-e-reintegracao-de-demitidos/).
(Servidores do Hospital da Lagoa durante ato contra a estadualização da unidade, em_2021_(foto Mayara Alves)
Em 14 de junho de 2023 o governador
afirma que quer o Hospital da Lagoa (aqui: https://diariodorio.com/claudio-castro-defende-a-estadualizacao-do-hospital-federal-da-lagoa-em-encontro-com-lula/ e
aqui: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/06/governador-do-rio-claudio-castro-quer-que-o-estado-assuma-a-gestao-do-hospital-federal-da-lagoa.ghtml)
Em 13/4/2024, noticia-se o quem seria o verdadeiro interessado na questão: o “hoje
líder do PP na Câmara dos Deputados e ex-secretário estadual de Saúde, Doutor
Luizinho, queria transformar [o Hospital da Lagoa] no Instituto Estadual do
Câncer” (https://temporealrj.com/hospitais-federais-devem-ser-distribuidos-entre-estado-municipio-universidades-empresas-publicas-e-ate-privadas/).
Carta Aberta dos Servidores
do Hospital Federal da Lagoa
ao estado do Rio de Janeiro:
Nós sempre estaremos aqui! HFL Fica!
![]() |
Rio de Janeiro 14 de abril de
2025
Foi com
perplexidade que, em 28 de março de 2025, tomamos conhecimento que o Ministério
da Saúde (MS) estabeleceu o Acordo de Cooperação Técnica para a transferência
do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) para as dependências do Hospital
Federal da Lagoa (HFL) e a transferência de nossos pacientes para outros
hospitais, através do SISREG e do Sistema Estadual de Regulação (SER).
A decisão foi
firmada sem discussão com os servidores, sem transparência e ao arrepio do
controle social. Esse cenário sombrio de desmonte do hospital preocupa, pois é
uma tragédia anunciada ao elo mais frágil dessa equação: os pacientes.
O HFL é um
pilar para a assistência de alta complexidade do SUS no Rio de Janeiro. Realiza
quase 8.000 cirurgias e mais de 190.000 atendimentos ambulatoriais anuais. Além
de ser responsável pelo atendimento de 60% dos pacientes oncológicos da rede. A
extinção de qualquer um de seus serviços de alta complexidade ameaça a
continuidade dos tratamentos em curso, tendo em vista que os hospitais da rede
pública não têm capacidade de absorver pacientes de alta complexidade. Essa
medida aumentará o tempo de espera nas filas de especialidades no SISREG e SER,
com a impacto negativo na saúde dos pacientes.
Além disso, o
HFL é um importante polo de formação, pois contamos com 26 programas de
residência médica e multiprofissional. Portanto, manter o HFL operacional é
essencial para garantir assistência qualificada, formação de profissionais e o
futuro da saúde pública.
Somos solidários com luta do IFF por
instalações adequadas de atendimento, mas isso não pode ser feito à custa do
desmonte do HFL. O Estado Brasileiro tem a responsabilidade de prover acesso à
saúde universal e igualitário a todos os cidadãos.
O MS assumirá o
risco da descontinuidade dos tratamentos oncológicos e dos pacientes graves que
acompanhamos? O MS estará disposto arcar com as consequências da quebra de
compromissos históricos com o SUS? O MS enfrentará as consequências daninhas da
quebra de confiança com a população do Rio de Janeiro?
O HFL atua com
coragem e determinação na proteção da vida dos pacientes do SUS, como fizemos
na pandemia de COVID. A nossa tenacidade está sendo posta à prova e ainda
estamos aqui para fazer valer nossos valores e nossa História que estão
protegidos pela mão altaneira do Redentor que nos protege.
Corpo Clínico do Hospital Federal da Lagoa
Nenhum comentário:
Postar um comentário