terça-feira, 20 de maio de 2025

Fechar tudo e enviar para o H. dos Servidores: Enquanto as filas aumentam, as propostas são remanejamento, fechamento e "restrição orçamentária".

 



Fechar tudo e enviar para o H. dos Servidores: enquanto as filas aumentam, as propostas são remanejamento, fechamento e "restrição orçamentária". Na verdade, se trata de camuflar a redução de serviços, inevitácvel consequência da política de restrição orçamentária que dura décadas.

O acordo agora divulgado pela UNIRIO, é um conjunto de megalomania, insanidade, descolamento da realidade, ofensa à inteligência do povo, meia-verdades, argumentos contraditórios, dados totalmente distintos da verdade e atentado à saúde pública.

Entre todas as promessas, gráficos e planos grandiosos, o que ficou claro e a única certeza que se pode ter é: querem fechar o HUGG e transferir seus serviços (internação e ambulatório) o complexo de edificações do Hospital Federal dos Servidores (HFSE). Esse aliás, tratado como uma espécie de cemitério de hospitais: para lá já foi enviado o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS).

Assunto pouco abordado, cabe lembrar que ele funcionava até 2008 no Caju. A emergência fora fechada novembro de 2004. O terreno e prédios foram abandonados. A primeira promessa era torná-lo um “Centro de Referência e Pesquisa do Crack”, que seria inaugurado em 2013, durante a visita do Papa Bento XVI. O antes histórico centro de referência em epidemiologia, em 2012 permanecia abandonado:

“(...) Hospital foi inaugurado, em 1889, por dom Pedro II. Em 2002, durante uma epidemia de dengue, a unidade desempenhou um papel importante no combate à doença: prestou mais de dois mil atendimentos, sem que houvesse uma só morte. Em 2008, o hospital fechou de vez, após a liberação de R$ 6 milhões para uma reforma que nunca aconteceu.” (https://oglobo.globo.com/rio/abandonado-pelo-estado-antigo-hospital-no-caju-tem-terreno-loteado-predio-invadido-5375933)

Foi ocupado por famílias de sem-teto e permanecia assim, mesmo tendo passado por ações de reintegração de posse. Depois abrigaria um conjunto habitacional, mas nada havia sido feito até 2015 (!).

Quanto ao IEISS, seus serviços seriam transferidos “provisoriamente” para o prédio do Hospital Central (HC) do Iaserj. Mas o prédio do HC-IASERJ estava sendo dado, nesse mesmo ano, ao INCA e, dois anos depois, em 2010, viria a decisão de demoli-lo. (veja mais em nosso blogue: aqui, aqui e aqui).

Acomodado no Hospital do IASERJ-Centro, oferecia cerca de 20 leitos de UTI para pacientes adultos de doenças infectocontagiosas, além de leitos de UTI pediátricos. Agora, a proposta era enviar para o... HFSE (!!!). A escolha era um total disparate. Não seria apenas transferência, mas haveria também redução nos serviços prestados. Em 2010, conforme constatou uma vistoria da Defensoria Pública da União (Direitos Humanos e Tutela Coletiva), o novo local no HFSE:

“oferece somente 12 leitos de UTI adulto e nenhum leito de UTI pediátrico, e sem funcionamento de laboratório, sendo insuficiente portanto para atender às necessidades do IEISS, e com grave prejuízo aos pacientes (população carioca e fluminense). (...) A "porta de entrada" para o IEISS, no novo setor do HSE, faz parte do conjunto com a da unidade materno fetal, ou seja, por onde entrar pacientes infectocontagiosos, também entrarão mães e bebês, facilitando a contaminação de pessoas extremamente vulneráveis.

O novo setor no HSE também não tem ar-refrigerado, funcionando à base de ventiladores, o que facilita a transmissão/contágio de doenças infecciosas pela via aérea (por ex., tuberculose). A comida que é preparada na cozinha do HSE e é distribuída por todas as unidades do hospital, utilizará obrigatoriamente o corredor de passagem da nova ala onde será acomodado o IEISS.”

Qualquer relação com o caso atual do HUGG, não é mera coincidência.

Apesar disso tudo, a partir de 20/08/2012 ocorreu a vinda do IEISS para a área física do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Em 2017, a gestão “operacional e assistencial” seria entregue à fundação estadual de saúde. Em 2018, a transferência ainda era um problema. O Ministério da Saúde informava ainda “que não existe nenhum documento com valor jurídico que oficialize a parceria”. Nesse ano, conforme se lia no “Boletim Epidemiológico do Serviço de Epidemiologia / HFSE / SAS / MS” a transferência se deu:

“através de um processo que não está solucionado até hoje. Não houve uma integração efetiva entre as duas instituições, que são inclusive de naturezas jurídicas distintas, uma estadual e a outra federal.”

Para alguns, a transferência “foi apenas uma forma encontrada pelo governo do estado para disfarçar o fechamento do único hospital da rede especializado em doenças infectocontagiosas”:

"O governo evidentemente, para minimizar o desgaste político, resolveu dizer que o São Sebastião apenas trocou de lugar. Mentiu para a opinião pública afirmando que o instituto não havia sido desativadio, mas ana verdade foi. Ele vive como um comensal dentro do Hospital Federal dos Servidores, que não tem condições de manter um hospital dentro de outro hospital. Esse funcionamento se faz de maneira muito debilitada". (Jorge Darze, diretor da Federação Nacional dos Médicos no Rio)

Em 2017, o local agora oferecido para acomodar os serviços do HUGG, tinha várias áreas interditadas por conta de rachaduras que surgiram em 2013, após obras da prefeitura de “revitalização” do entorno.

Quanto ao atual Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS):

“foi inaugurado com pompa e circunstância por D. Pedro II em 1889, criado para atender os doentes das inúmeras epidemias que varriam o Rio no fim do século XIX, (...). Suas instalações já foram no Caju e que já teve 500 leitos, foi realocado em 2008 para um andar no Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Ao longo do tempo, já esteve sob a gestão de várias esferas de poder (Federal, Estadual e Municipal) e também já teve diversos nomes: [Hospital São Sebastião; Hospital Estadual São Sebastião;  Instituto de Infectologia São Sebastião; Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião]”

No antigo local, em 2021, restou a Ocupação Vila dos Sonhos...





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