sábado, 24 de maio de 2025

Balada contra o plebiscito: Uma contribuição poética à luta em defesa do HUGG.

 



Das castas da Costa

(por R. Caruso)

I

Da Costa,

pelas costas,

dá as costas ao povo.

Crendo ter as costas largas

e estando com costas quentes,

pensa que pode zarpar da costa,

encostado em cargos do povo.

De cá, do povo,

não nos acostumemos!

Mesmo que custe muito,

atravessaremos tormentas!

Custe o que custar,

atacaremos da Costa!

Dos mares revoltos,

atracaremos à costa!

II


Se a casta de eminentes,

encastelada em Congregações, Conselhos;

se os doutos, essa casta,

iludem-se no alto de seus castelos;

Ao jogar-nos ao mar,

para cruzar até o novo lugar,

lembrem-se dos conselhos,

Outrora dados, pelo povo,

aos que antes cederam

Aos cantos das sereias:

(Vejam, a que custo!)

Com a promessa de aportar rios de dinheiro,


ornar suas cátedras,

entregaram o simples, mal-tratado,

— “mas é o que temos!”, respondíamos —

entregaram-no inteiro,

e imaginaram-se em belas catedrais.

Saibam que, agora,

daquelas belas, ilusórias,

restou-se caos naquele cais;

saibam que eles ora se assombram,

— com o resto do povo

que outrora os aconselhava—

a divisar o “novo” prometido castelo,

numa fortaleza noutro cais.

Ouvindo da casta com da Costa,

— esses que assim ignoram os lá angustiados—,

o brado “está vazio!”,

se perderão nesse antigo castelo,

Mas que, de fato, está apenas abandonado,

quatro vezes maior que suas sonhadas catedrais!


III

Assustem-se, temam esses amotinados!

Que sabem que não se sentirão fundidos,

apenas diluídos.

Se sentirão perdidos, esquecidos,

Que se juntarão

aos gritos

dos muitos que lá encontrarão,

e a eles se congregarão

também revoltados.


Arte para adesivos! Participe da campanha! Faça você mesmo!

 








Lembre-se: alguns lugares pedem em formato pdf. É só colá-los num.



sexta-feira, 23 de maio de 2025

"Em defesa do HUGG!"

Segue abaixo mais uma contribuição na luta contra o fechamento do hospital!



Em defesa do HUGG!


Somos contra a proposta de fusão do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), sob gestão da EBSERH.


Essa medida representa o fechamento disfarçado do HUGG, com perda de leitos, salas cirúrgicas e serviços ambulatoriais. A justificativa de "remanejamento" repete o mesmo erro cometido com o antigo Instituto São Sebastião, cujos serviços foram absorvidos de forma precária pelo HFSE.


O HFSE não tem estrutura adequada para absorver o HUGG: faltam UTIs, laboratório, condições de segurança e estrutura física. A fusão compromete a assistência à população e a formação acadêmica da UNIRIO.


Defender o HUGG é defender a saúde pública e o ensino de qualidade.

Não ao fechamento! Não à transferência!


Silvia Helena, Enfermeira da UNIRIO

terça-feira, 20 de maio de 2025

Divulgando: Panfleto da campanha contra o fechamento do HUGG do ReestatizaSus

 



Fechar tudo e enviar para o H. dos Servidores: Enquanto as filas aumentam, as propostas são remanejamento, fechamento e "restrição orçamentária".

 



Fechar tudo e enviar para o H. dos Servidores: enquanto as filas aumentam, as propostas são remanejamento, fechamento e "restrição orçamentária". Na verdade, se trata de camuflar a redução de serviços, inevitácvel consequência da política de restrição orçamentária que dura décadas.

O acordo agora divulgado pela UNIRIO, é um conjunto de megalomania, insanidade, descolamento da realidade, ofensa à inteligência do povo, meia-verdades, argumentos contraditórios, dados totalmente distintos da verdade e atentado à saúde pública.

Entre todas as promessas, gráficos e planos grandiosos, o que ficou claro e a única certeza que se pode ter é: querem fechar o HUGG e transferir seus serviços (internação e ambulatório) o complexo de edificações do Hospital Federal dos Servidores (HFSE). Esse aliás, tratado como uma espécie de cemitério de hospitais: para lá já foi enviado o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS).

Assunto pouco abordado, cabe lembrar que ele funcionava até 2008 no Caju. A emergência fora fechada novembro de 2004. O terreno e prédios foram abandonados. A primeira promessa era torná-lo um “Centro de Referência e Pesquisa do Crack”, que seria inaugurado em 2013, durante a visita do Papa Bento XVI. O antes histórico centro de referência em epidemiologia, em 2012 permanecia abandonado:

“(...) Hospital foi inaugurado, em 1889, por dom Pedro II. Em 2002, durante uma epidemia de dengue, a unidade desempenhou um papel importante no combate à doença: prestou mais de dois mil atendimentos, sem que houvesse uma só morte. Em 2008, o hospital fechou de vez, após a liberação de R$ 6 milhões para uma reforma que nunca aconteceu.” (https://oglobo.globo.com/rio/abandonado-pelo-estado-antigo-hospital-no-caju-tem-terreno-loteado-predio-invadido-5375933)

Foi ocupado por famílias de sem-teto e permanecia assim, mesmo tendo passado por ações de reintegração de posse. Depois abrigaria um conjunto habitacional, mas nada havia sido feito até 2015 (!).

Quanto ao IEISS, seus serviços seriam transferidos “provisoriamente” para o prédio do Hospital Central (HC) do Iaserj. Mas o prédio do HC-IASERJ estava sendo dado, nesse mesmo ano, ao INCA e, dois anos depois, em 2010, viria a decisão de demoli-lo. (veja mais em nosso blogue: aqui, aqui e aqui).

Acomodado no Hospital do IASERJ-Centro, oferecia cerca de 20 leitos de UTI para pacientes adultos de doenças infectocontagiosas, além de leitos de UTI pediátricos. Agora, a proposta era enviar para o... HFSE (!!!). A escolha era um total disparate. Não seria apenas transferência, mas haveria também redução nos serviços prestados. Em 2010, conforme constatou uma vistoria da Defensoria Pública da União (Direitos Humanos e Tutela Coletiva), o novo local no HFSE:

“oferece somente 12 leitos de UTI adulto e nenhum leito de UTI pediátrico, e sem funcionamento de laboratório, sendo insuficiente portanto para atender às necessidades do IEISS, e com grave prejuízo aos pacientes (população carioca e fluminense). (...) A "porta de entrada" para o IEISS, no novo setor do HSE, faz parte do conjunto com a da unidade materno fetal, ou seja, por onde entrar pacientes infectocontagiosos, também entrarão mães e bebês, facilitando a contaminação de pessoas extremamente vulneráveis.

O novo setor no HSE também não tem ar-refrigerado, funcionando à base de ventiladores, o que facilita a transmissão/contágio de doenças infecciosas pela via aérea (por ex., tuberculose). A comida que é preparada na cozinha do HSE e é distribuída por todas as unidades do hospital, utilizará obrigatoriamente o corredor de passagem da nova ala onde será acomodado o IEISS.”

Qualquer relação com o caso atual do HUGG, não é mera coincidência.

Apesar disso tudo, a partir de 20/08/2012 ocorreu a vinda do IEISS para a área física do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Em 2017, a gestão “operacional e assistencial” seria entregue à fundação estadual de saúde. Em 2018, a transferência ainda era um problema. O Ministério da Saúde informava ainda “que não existe nenhum documento com valor jurídico que oficialize a parceria”. Nesse ano, conforme se lia no “Boletim Epidemiológico do Serviço de Epidemiologia / HFSE / SAS / MS” a transferência se deu:

“através de um processo que não está solucionado até hoje. Não houve uma integração efetiva entre as duas instituições, que são inclusive de naturezas jurídicas distintas, uma estadual e a outra federal.”

Para alguns, a transferência “foi apenas uma forma encontrada pelo governo do estado para disfarçar o fechamento do único hospital da rede especializado em doenças infectocontagiosas”:

"O governo evidentemente, para minimizar o desgaste político, resolveu dizer que o São Sebastião apenas trocou de lugar. Mentiu para a opinião pública afirmando que o instituto não havia sido desativadio, mas ana verdade foi. Ele vive como um comensal dentro do Hospital Federal dos Servidores, que não tem condições de manter um hospital dentro de outro hospital. Esse funcionamento se faz de maneira muito debilitada". (Jorge Darze, diretor da Federação Nacional dos Médicos no Rio)

Em 2017, o local agora oferecido para acomodar os serviços do HUGG, tinha várias áreas interditadas por conta de rachaduras que surgiram em 2013, após obras da prefeitura de “revitalização” do entorno.

Quanto ao atual Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS):

“foi inaugurado com pompa e circunstância por D. Pedro II em 1889, criado para atender os doentes das inúmeras epidemias que varriam o Rio no fim do século XIX, (...). Suas instalações já foram no Caju e que já teve 500 leitos, foi realocado em 2008 para um andar no Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Ao longo do tempo, já esteve sob a gestão de várias esferas de poder (Federal, Estadual e Municipal) e também já teve diversos nomes: [Hospital São Sebastião; Hospital Estadual São Sebastião;  Instituto de Infectologia São Sebastião; Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião]”

No antigo local, em 2021, restou a Ocupação Vila dos Sonhos...





Grande manifestação contra a "fusão" ou DILUIÇÃO (conforme a físico-química) do Gaffrée e Guinle no Hospital dos Servidores (1/8/2024)



Em 1/8/2024, uma grande manifestação, com o apoio dos trabalhadores do Hospital dos Servidores (HFSE), é ralizada em frente ao HUGG contra a entrega do HFSE à empresa EBSERH. A entrega é intermediada pela Reitoria da Unirio. ("Luta contra a Ebserh unifica hospital Gaffrée e Guinle e rede federal em greve"Olyntho Contente. Sindspre/RJ, 01/08/2024. https://sindsprevrj.org/luta-contra-a-ebserh-unifica-hospital-gaffree-e-guinle-e-rede-federal-em-greve/.











(fotos: Mayara Alves)


UFRJ: do Não à EBSERH! ao golpe no modelo "aproveitar para passar a boiada".

 

UFRJ: do Não à EBSERH! ao golpe no modelo "aproveitar para passar a boiada".



Em 3 de mai. de 2013, “Sem Ebserh” era o resultado do debate na comunidade da UFRJ,. Conselheiros apresentam ao Consuni de 2 de maio uma proposta, fora da Ebserh, para resolver o problema dos hospitais universitários (veja aqui: https://www.youtube.com/watch?v=446o02nr1d4).

Porém, 8 anos depois, em plena pandemia, parte do corpo docente da Faculdade de Medicina (a alguns dos quais seriam entregues polpudos cargos comissionados na empresa), resolve encaminhar a proposta de entrega à EBSERH de unidades do complexo hospitalar da UFRJ (https://ufscaesquerda.com/noticia-fora-ebserh-na-ufrj-reitoria-tenta-dar-golpe-na-comunidade/). Seria tudo realizado a toque de caixa.

Muito material sobre a luta e esse processo pode ser acessado nessa página do Fora EBSERH!: https://www.instagram.com/foraebserhufrj/.

A queda do último bastião de resistência à privatização dos hospitais universitários federais ocorreria logo. Em 3/12/21, a entrega à EBSERH seria aprovada (https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/de-forma-autoritaria-consuni-da-uFRJ-aprova-adesao-a-ebserh1).

Como se nada houvesse acontecido no país, demonstrando total desfaçatez sobre o histórico da empresa, podia-se ouvir rigorosamente os mesmos argumentos batidos dos primeiros dias da criação da empresa. Vejamos

Sobre a não interferência da empresa:

“A Ebserh não interfere nas decisões relativas ao ensino, pesquisa e extensão, devendo apenas apoiá-las, fornecendo os meios adequados para fortalecer os hospitais” (Marcos Freire, diretor-geral do HUCFF.); ou

Sobre ser meramente um meio de (e o único meio para) obter de mão de obra, verbas etc.:

“A direção-geral assim como vários profissionais da área assistencial consideram a inclusão do HUCFF no escopo de ação do EBSERH como a opção factível de aquisição de mão de obra especializada que permita a abertura de novos leitos assim como a manutenção da capacidade de atendimento à população do Hospital, bem como à melhoria do Ensino e da Pesquisa.” (Marcos Freire, diretor-geral do HUCFF).

A aprovação foi realizada em uma reunião virtual do Conselho Universitário da UFRJ, com transmissão ao vivo pela rede plataforma YouTube (https://www.hucff.ufrj.br/adesao-a-ebserh/). A reunião anterior, em formato presencial, ocorrida em 7 de dezembro, “precisou ser encerrada”. De quebra, ficou evidente o risco, inclusive, de desmembramento geral do ensino em saúde da UFRJ, pois, como a própria administração entreguista afirmou:

“O Complexo Hospitalar da UFRJ compreende 9 unidades. É parte do projeto do convênio que as outras unidades sejam incorporadas ao raio de ação da entidade em etapas posteriores.”

Mais sobre o acontecido pode ser acessado aqui: https://outraspalavras.net/outrasaude/o-que-sera-dos-hospitais-da-ufrj/.

Servidores da rede federal e da UniRio dizem não à fusão do HFSE com o Hospital Gaffrée e Guinle (notícia do Sindsprev/RJ)

 Ato unificado do HUGG com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) contra a fusão e notícia da Audiência Pública



Segue abaixo a notícia do Sindsprev sobre o ato seguido de Audiência Pública, realizado em 24 de outubro de 2024.

"Servidores da rede federal e da UniRio dizem não à fusão do HFSE com o Hospital Gaffrée e Guinle"

Servidores da rede federal do Rio e do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) fizeram, na manhã desta quinta-feira (24/10/2024), um ato unificado contra a fusão do HUGG com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Realizado em frente ao prédio do Gaffrée e Guinle, na Tijuca, o ato denunciou a intenção do Ministério da Saúde e da reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio) de criarem um hospital universitário, após a fusão do Gaffrée e Guinle com o HFSE. Unidade cuja gestão ficaria a cargo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“O Ministério da Saúde já entregou à UniRio um Termo de Acordo de Cooperação Técnica com a intenção de montar um Grupo de Estudos para apresentar uma proposta a ser avaliada em 6 meses. No entanto, a verdade é que já querem implementar o processo de fusão dos dois hospitais. Quero lembrar que, aqui no Gaffrée e Guinle, a gestão da Ebserh tem sido marcada por falta de insumos e de medicamentos nos ambulatórios e centros cirúrgicos. São problemas denunciados diariamente, relatando situações em que cirurgias foram suspensas na última hora por falta desses insumos. Acho que os R$ 8 bilhões de reais colocados à disposição da Ebserh para investimentos poderiam ser usados com mais eficácia se fossem aplicados pela administração direta”, afirmou Rodrigo Ribeiro, coordenador da Associação de Servidores da UniRIo (AsuniRio).

“Nós não queremos a Ebserh”, afirma servidora

Servidora do HFSE, Cristina Venetilho manifestou sua oposição às propostas do atual governo. “Nós não queremos Ebserh, nós não queremos o Grupo Hospitalar Conceição e nenhuma outra forma que implique a entrega das unidades federais de saúde. Nós queremos sim é o servidor concursado que entra na carreira e se dedica, recebe e ampara os pacientes. Um governo que se diz de esquerda, como o atual, tem que investir num serviço público de qualidade, e não fazer coisas que não interessam à população. Reafirmamos o nosso compromisso com a saúde pública de qualidade e seremos incansáveis nesta luta”, frisou.

Também servidora do HFSE, a enfermeira Clélia de Carvalho Pereira reforçou as críticas. “Hoje atendemos grande parte da população do Estado do RJ em dezenas de especialidades. Somos referência, mas uma referência que está ameaçada por toda esta manobra política do Ministério da Saúde. Nós somos profissionais de saúde com consciência do que é o SUS, mas hoje infelizmente vemos o governo promover a precarização e a comercialização da saúde oferecida à população brasileira”, completou.

“Ontem [23/10] houve uma reunião da prefeitura com o Ministério da Saúde, na qual o prefeito Eduardo Paes não teria manifestado muita vontade de assumir as gestões dos hospitais Cardoso Fontes, do Andaraí e de Ipanema. Isto porque, com a plena abertura das emergências dessas unidades, haverá mais cobranças da população e a consequente responsabilização da prefeitura por eventuais problemas. Outro ponto é que, no momento, não há condições estruturais de incorporar esta demanda pela Prefeitura. Por isto que agora o foco do governo está no fatiamento do HFSE. E por isto que não podemos permitir a fusão do HFSE com o Gaffrée e Guinle e a extinção desse importante hospital”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ.

Servidores criticam audiência sobre fusão do HUGG com HFSE

Imediatamente após o ato unificado, os servidores dirigiram-se ao auditório do HUGG, onde a reitoria da UniRio promoveu uma audiência pública para apresentação das linhas gerais do Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério da Saúde e a Ebserh, visando preparar a fusão do Gaffrée e Guinle com o HFSE. A fala inicial do evento foi proferida pelo reitor da UniRio, José da Costa, que defendeu a necessidade de um cronograma de debate do assunto sobre as bases do acordo proposto, embora as supostas “bases” do acordo não tenham, em nenhum momento, sido objetivamente apresentadas, com dados e números, à plateia composta por servidores da UniRio e da rede federal de saúde.

Em seguida falou o diretor-geral do Hospital Gaffrée e Guinle, João Marcelo Ramalho. Após iniciar seu discurso comparando a fusão do HUGG com o HFSE a um “casamento”, o diretor foi bastante criticado pelos servidores, que responderam com gritos de ‘fora Ebserh’ e algumas vaias. Em complemento à sua fala, João Marcelo disse ainda que a fusão dos dois hospitais seria a “solução” para os problemas de infraestrutura do HUGG, instalado num prédio que, segundo ele, tem mais de 100 anos.

“Fechar hospital é retrocesso, parem de vender a saúde”

Enquanto isto, na plateia, servidores levantaram cartazes com os seguintes dizeres: “fechar um hospital é retrocesso” e “parem de vender a saúde”. Na frente da mesa de abertura, os servidores já haviam afixado a faixa do Sindsprev/RJ com a frase: “Não ao fatiamento”.

Primeira a falar quando a palavra foi aberta ao plenário, a servidora Maristela, da UniRio, criticou o modelo de gestão proposto no Acordo de Cooperação. “O que está acontecendo aqui é a privatização da saúde e da universidade pública. Querem dar de graça para o capital financeiro explorar. Dia 18 de novembro, no G-20, as nações exploradoras estarão aqui. Aí vêm com o discurso de que não tem dinheiro. Por isso que devemos defender a luta pela reestatização do SUS e fora Ebserh”, afirmou ela, sob aplausos.

Representando o Sindsprev/RJ, Cristiane Gerardo fez duras críticas ao caráter da audiência pública convocada pela reitoria da UniRio. “Ao tomar conhecimento desta audiência, eu esperava que fossem apresentados os dados de que precisamos para ter conhecimento e assim julgar a viabilidade deste projeto de fusão. Ao contrário, o que vimos foi uma fala jocosa comparando a fusão a um casamento. A questão é que um casamento pressupõe a livre vontade de ambos, e não a vontade de um só. Quando a vontade é de um só, isto tem outro nome. É estupro. O que está acontecendo aqui e agora não pode ser considerada uma audiência pública porque nos faltam os dados para que possamos fazer algum juízo de valor. Quem hoje propõe a fusão não conhece a realidade do HFSE, que também é um prédio antigo com graves problemas estruturais. Para o bem da democracia, quero propor outra audiência pública para que possamos expor nossas posições, uma audiência fundamentada com dados técnicos e científicos sobre a fusão. E que qualquer projeto passe por plebiscito no HFSE e no Hospital Gaffrée e Guinle”, afirmou ela, em um discurso recebido por aplausos de todos os servidores, o que gerou grande constrangimento dos representantes da reitoria e do diretor-geral do HUGG, João Marcelo Ramalho.

Aos gritos de “a nossa luta é todo dia porque saúde não é mercadoria”, os servidores manifestaram mais uma vez o seu repúdio a qualquer proposta que implique a fusão dos dois hospitais e sua entrega à Ebserh.

Publicado originalmente em: 

https://sindsprevrj.org/servidores-da-rede-federal-e-da-unirio-dizem-nao-a-fusao-do-hfse-com-o-hospital-gaffree-e-guinle/

O chamamento do ato: https://sindsprevrj.org/nesta-quinta-feira-24-10-as-8h-ato-unificado-contra-a-fusao-do-hfse-com-o-hospital-gaffree-e-guinle-fora-ebserh/



segunda-feira, 19 de maio de 2025

Governo estadual e federal: perspectivas assombrosas para a Saúde e a Educação e a nossa sangria estadual.


 

Sobre a condição fiscal e a sangria estadual, veja o relatório da Auditoria Cidadã da Dívida, intitulado “Recuperação Fiscal e Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag): SOLUÇÃO OU POSTERGAÇÃO”, de 21 de janeiro, 2025. Nele podemos ficar sabendo que:

“Entre 1999 e novembro de 2024, o Estado do Rio de Janeiro pagou à União mais de R$ 30 bilhões de serviço da dívida (Juros + Amortizações), em valor corrente. Deflacionando os valores pagos, ano após ano, entre 1999 e 2024 – sem considerar os anos sem pagamento -, o Estado do Rio de Janeiro pagou mais de R$ 69 bilhões. Mesmo assim, o estoque da dívida pública explodi uno mesmo período, passando de R$ 13,5 bilhões para R$ 94 bilhões, em valores correntes. Os números não batem e, de pronto, se constata que a questionável dívida originalmente refinanciada já foi paga mais de duas vezes e ainda assim seu estoque se multiplicou por quase sete!” (Veja mais aqui: https://auditoriacidada.org.br/nucleo/recuperacao-fiscal-e-pagamento-de-dividas-dos-estados-propag-solucao-ou-postergacao/)

Para os parasitas do capital financeiro, o mesmo que defende o aumento de juros e ganha com os títulos da dívida pública, o problema são os recursos que se utilizam para o povo e o quanto se paga aos aposentados; a solução é tirar da Previdência. Veja aqui: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/03/04/renegociacoes-em-serie-nao-solucionam-divida-dos-estados-veja-como-o-vaivem-afeta-servicos-como-saude-e-educacao.ghtml, publicado em 4/3/2025

O argumento é muito simples para quem defende aqueles que vivem a sugar do povo:

Já que

“a arrecadação tributária é proporcional ao crescimento econômico. Quando a economia afunda em recessão, a receita desaba. Ao mesmo tempo, as despesas com serviços públicos, salários de servidores e Previdência se mantêm.”

Então, para o presidente do Fórum Nacional do INAE, que é apoiado pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, IBMEC, mas apresentado na matéria apenas como “consultor” e chamado de “especialista em contas públicas”:

“[que] vem batendo na tecla de que o problema é a Previdência. E ajustes nas regras de aposentadoria não adiantariam. Velloso defende saneamento das Previdências estaduais, com coordenação da União, para ‘equacionar’ desequilíbrios que tendem a piorar com o envelhecimento da população”.

Afinal, lembrando-nos da classe social que ele representa, como ele afirma: “o gasto com Previdência [vem] ocupando cada vez mais espaço orçamentário”.

O chamado “serviço da dívida” é o principal mecanismo de sucção da renda do povo e a base para o discurso de “corte de gastos”: corta-se do povo (“gastos”) para garantir o pagamento daquele serviço ao grande capital.

Vejamos os dados:.

Quanto pagamos (juros e amortizações) – DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL?

- em 2022 - até 31/12

R$ 1.879.468.134.500 = 5,1 BI / DIA

1 TRILHÃO, 879 BILHÕES, 468 MILHÕES, 134 MIL, 500 REAIS = 46,30% DOS GASTOS

- em 2023 - até 31/12

R$ 1.886.806.401.536 = 5,2 BI / DIA

1 TRILHÃO, 886 BILHÕES, 806 MILHÕES, 401 MIL, 536 REAIS = 43,23% DOS GASTOS

- em 2024 - até 31/12

R$ 1.996.776.149.754 = 5,5 BI / DIA

1 TRILHÃO, 996 BILHÕES, 776 MILHÕES, 149 MIL, 754 REAIS = 42,96% DOS GASTOS.

E como ficou a conta? Ainda “devemos”:

- dívida interna FEDERAL – DEZ/2024

R$ 9.484.392.067.990,04

9 TRILHÕES, 484 BILHÕES, 392 MILHÕES, 67 MIL E 990 REAIS

- dívida externa TOTAL – DEZ/2024

US$ 616.989.102.609,48

616 BILHÕES, 989 MILHÕES, 102 MIL E 609 DÓLARES


Intervenção federal na Saúde no Rio de Janeiro (Parte 5): a vez do HUGG

 Intervenção federal na Saúde no Rio de Janeiro (Parte 5): a vez do HUGG



(ato unificado HFSE e HUGG, em ago/2024. Foto: Mayara Alves)

Em 20 de dezembro de 2023, realizamos a 1ª audiência pública, exigida pelos trabalhadores do HUGG, na qual o Reitor Da Costa nega veementemente qualquer coisa sobre a “fusão”, chamando-a de “boato” e “fakenews” (veja aquim no blogue: https://emdefesadohugg.blogspot.com/2025/04/recordar-e-viver-o-valor-da-palavra.html.

Essa 1ª Audiência Pública foi exigida pelos trabalhadores do HUGG, face ao que até então apareciam apenas como um angustiante “boato”. Fora convocada pelo sindicato e associação ASUNIRIO.

Dois dias depois, em 22/12/23, a reitoria chocaria a comunidade presente ao divulgar, em nota, que a tal proposta não só não era boato, como também “vem sendo estudada” por um obscuro “grupo de trabalho”, desconhecido até pelo Conselho Universitário. A negação foi uma clara necessidade de desmobilizar e confundir a comunidade universitária, além de ofendê-la ao relacionar sua angústia com a extrema-direita e suas “fakenews”.

A nota da Reitoria tratava de um encontro com a então Ministra da Saúde Nísia Trindade em pessoa para tratar justamente desse tema (veja aqui: https://www.unirio.br/news/nota-oficial-ministerio-da-saude-unirio-ebserh). Golpear o povo é motivo de alegria

Em 10/1/2024, é publicada na internet uma “Carta manifesto dos servidores públicos da UNIRIO lotados no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle” (https://emdefesadohugg.blogspot.com/2025/05/carta-manifesto-dos-servidores-publicos.html).

Em 27/06/2024, numa matéria, mais notícias sobre o prolongado sucateamento:

“Instituto Nacional de Câncer (Inca), reduziu drasticamente as internações. Em cinco anos, a queda foi de 28%: de 9.888, em 2018, para 7.079, no ano passado. E a Defensoria Pública da União (DPU) compara dados das filas de oncologia de 6 fevereiro com 21 de junho deste ano: o número de pacientes para atendimento de primeira vez em coloproctologia oncológica subiu de 570 (o mais antigo, desde agosto de 2023) para 641 (a partir de janeiro de 2024). (várias informações a pegar sobre situação caótica e distribuição da rede.)” (https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/06/27/futuro-dos-hospitais-federais-do-rio-ainda-e-incerto-gestora-quer-fusao-do-gaffree-com-servidores.ghtml)

 

A decisão de entregar o HFSE para a empresa EBSERH e, de quebra, fechar o HUGG arrastando todos consigo para o HFSE é publicada em 19/10/2024  (https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-10/hospital-dos-servidores-do-rio-devera-se-tornar-hospital-universitario).

Protestos são organizados, como esse ato unificado, em 29/10/24 (“Servidores da rede federal e da UniRio dizem não à fusão do HFSE com o Hospital Gaffrée e Guinle”. SindsprevRJ TV, 29/10/2024. https://www.youtube.com/watch?v=LEaQjky-TsM). Mais aqui https://sindsprevrj.org/nesta-quinta-feira-24-10-as-8h-ato-unificado-contra-a-fusao-do-hfse-com-o-hospital-gaffree-e-guinle-fora-ebserh/ e aqui: https://sindsprevrj.org/luta-contra-a-ebserh-unifica-hospital-gaffree-e-guinle-e-rede-federal-em-greve/ e aqui: https://sindsprevrj.org/protesto-no-gafree-e-guinle-exige-recontratacao-de-demitidos-e-denuncia-sucateamento-das-redes-de-saude/

Em 29/10/2024, informa-se que o famigerado “Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a UniRio, a Ebserh, o Ministério da Educação e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos deve ser assinado nos próximos dias”. E sem deixar de “nos esclarecer”, nessa matéria totalmente pró-medida que, no HUGG, o Globo:

“flagrou graves problemas de infraestrutura, como alas inteiras de enfermaria em salas sem ventilação adequada, infiltração e mofo por toda parte, macas amontoadas no pátio, aparelhos de ar-condicionado presos às janelas quebradas e emaranhados de fios pelos corredores do casarão, além de um laboratório improvisado próximo ao auditório. (...) [e o HFSE], que atende pacientes de todo o estado, está em situação ainda mais grave.

É essa a estrutura que a Empresa EBSERH (sua testa-de-ferro, a reitoria da UNIRIO) propões para resolver o que o superintendente da empresa não cansou de chamar de prédio “velho”. Aliás, é esse mesmo prédio velho que propõem como boa saída para os serviços da UNIRIO que estão alojados no prédio do Instituto Biomédico (IB). Este, curiosamente, um lugar sem condições estruturais, nas palavras da reitoria no próprio IB, motivo para escorraçar as pessoas de lá do HUGG e colocar as que estão no IB (ver aqui:_)

Conforme muitos na comunidade acadêmica denunciavam, não havia “estudo”, apenas a decisão, há muito gestada, de seguir com dita “fusão”:

“Nos bastidores do governo, discute-se que o acordo colaborativo será apenas a primeira etapa para que o processo de fusão se concretize, visto que seus termos já estão bem avançados.”

Para o reitor Da Costa, “É claro que esse grande potencial para contribuir com as políticas públicas de educação e saúde nos motiva”.

Seria publicada pela UNIRIO em 02/11/2024 (https://www.unirio.br/news/unirio-assina-o-acordo-de-cooperacao-tecnica-com-ministerio-da-saude-e-ebserh-sobre-hospital-universitario).

Em 2025, as outrora “apenas fakenews” do fechamento e da diluição no HUGG (“fusão”) no HFSE vão aumentando (em 14/02/2025, https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/fevereiro/estudos-para-fusao-do-hospital-dos-servidores-e-do-gaffree-e-guinle-avancam;

Reitoria faz divulgação oficial da “proposta” (já decidida de antemão, diga-se) da empresa EBSERH de fechamento do HUGG e da transferência e DILUIÇÃO dos serviços do HUGG no HFSE. (oficialmente chamada de “Audiência Pública”). No Instituto Biomédico (IB) da UNIRIO, em 13/5/2025. https://www.youtube.com/live/NmTuymPGYMM; e no Centro de Ciência Exatas e Tecnológico (CCET), em 14/5/2025: https://www.youtube.com/live/vc-p_DHouUw.

Que fique claro que, embora alguns ingenuamente ou propositalmente ainda digam que o HFSE será entregue para a Unirio, para o Ministério da Saúde é entrega do HFSE para a empresa EBSERH. Veja aqui, em 28/3/25, onde se lê “O Hospital dos Servidores do Estado (HFSE) está em processo de transição para a EBSERH, em etapa final de estudos.” (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/marco/ministerio-da-saude-anuncia-inicio-da-integracao-do-hospital-federal-da-lagoa-com-a-fiocruz).

Importante declaração e grave denúncia: CARTA ABERTA DOS SERVIDORES DA COORDENADORIA DE ENGENHARIA DA UNIRIO AOS CONSELHOS SUPERIORES DA UNIRIO

 CARTA ABERTA DOS SERVIDORES DA COORDENADORIA DE ENGENHARIA DA UNIRIO AOS CONSELHOS SUPERIORES DA UNIRIO Acompanhamos com atenção as discuss...