Ato unificado do HUGG com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) contra a fusão e notícia da Audiência Pública
Segue abaixo a notícia do Sindsprev
sobre o ato seguido de Audiência Pública, realizado em 24 de outubro de 2024.
"Servidores da rede federal e da UniRio dizem não à fusão do HFSE com o Hospital Gaffrée e Guinle"
Servidores da rede federal do Rio e do
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) fizeram, na manhã desta
quinta-feira (24/10/2024), um ato unificado contra a fusão do HUGG com o Hospital
Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Realizado em frente ao prédio do
Gaffrée e Guinle, na Tijuca, o ato denunciou a intenção do Ministério da Saúde
e da reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio) de criarem um
hospital universitário, após a fusão do Gaffrée e Guinle com o HFSE. Unidade
cuja gestão ficaria a cargo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(Ebserh).
“O Ministério da Saúde já entregou à
UniRio um Termo de Acordo de Cooperação Técnica com a intenção de montar um
Grupo de Estudos para apresentar uma proposta a ser avaliada em 6 meses. No
entanto, a verdade é que já querem implementar o processo de fusão dos dois
hospitais. Quero lembrar que, aqui no Gaffrée e Guinle, a gestão da Ebserh tem
sido marcada por falta de insumos e de medicamentos nos ambulatórios e centros
cirúrgicos. São problemas denunciados diariamente, relatando situações em que
cirurgias foram suspensas na última hora por falta desses insumos. Acho que os
R$ 8 bilhões de reais colocados à disposição da Ebserh para investimentos
poderiam ser usados com mais eficácia se fossem aplicados pela administração
direta”, afirmou Rodrigo Ribeiro, coordenador da Associação de Servidores da
UniRIo (AsuniRio).
“Nós não queremos a Ebserh”, afirma
servidora
Servidora do HFSE, Cristina Venetilho
manifestou sua oposição às propostas do atual governo. “Nós não queremos
Ebserh, nós não queremos o Grupo Hospitalar Conceição e nenhuma outra forma que
implique a entrega das unidades federais de saúde. Nós queremos sim é o
servidor concursado que entra na carreira e se dedica, recebe e ampara os
pacientes. Um governo que se diz de esquerda, como o atual, tem que investir
num serviço público de qualidade, e não fazer coisas que não interessam à
população. Reafirmamos o nosso compromisso com a saúde pública de qualidade e
seremos incansáveis nesta luta”, frisou.
Também servidora do HFSE, a enfermeira
Clélia de Carvalho Pereira reforçou as críticas. “Hoje atendemos grande parte
da população do Estado do RJ em dezenas de especialidades. Somos referência,
mas uma referência que está ameaçada por toda esta manobra política do
Ministério da Saúde. Nós somos profissionais de saúde com consciência do que é
o SUS, mas hoje infelizmente vemos o governo promover a precarização e a
comercialização da saúde oferecida à população brasileira”, completou.
“Ontem [23/10] houve uma reunião da
prefeitura com o Ministério da Saúde, na qual o prefeito Eduardo Paes não teria
manifestado muita vontade de assumir as gestões dos hospitais Cardoso Fontes,
do Andaraí e de Ipanema. Isto porque, com a plena abertura das emergências
dessas unidades, haverá mais cobranças da população e a consequente
responsabilização da prefeitura por eventuais problemas. Outro ponto é que, no
momento, não há condições estruturais de incorporar esta demanda pela
Prefeitura. Por isto que agora o foco do governo está no fatiamento do HFSE. E
por isto que não podemos permitir a fusão do HFSE com o Gaffrée e Guinle e a
extinção desse importante hospital”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do
Sindsprev/RJ.
Servidores criticam audiência sobre
fusão do HUGG com HFSE
Imediatamente após o ato unificado, os
servidores dirigiram-se ao auditório do HUGG, onde a reitoria da UniRio
promoveu uma audiência pública para apresentação das linhas gerais do Acordo de
Cooperação Técnica com o Ministério da Saúde e a Ebserh, visando preparar a
fusão do Gaffrée e Guinle com o HFSE. A fala inicial do evento foi proferida
pelo reitor da UniRio, José da Costa, que defendeu a necessidade de um
cronograma de debate do assunto sobre as bases do acordo proposto, embora as
supostas “bases” do acordo não tenham, em nenhum momento, sido objetivamente
apresentadas, com dados e números, à plateia composta por servidores da UniRio
e da rede federal de saúde.
Em seguida falou o diretor-geral do
Hospital Gaffrée e Guinle, João Marcelo Ramalho. Após iniciar seu discurso
comparando a fusão do HUGG com o HFSE a um “casamento”, o diretor foi bastante
criticado pelos servidores, que responderam com gritos de ‘fora Ebserh’ e
algumas vaias. Em complemento à sua fala, João Marcelo disse ainda que a fusão
dos dois hospitais seria a “solução” para os problemas de infraestrutura do
HUGG, instalado num prédio que, segundo ele, tem mais de 100 anos.
“Fechar hospital é retrocesso, parem de
vender a saúde”
Enquanto isto, na plateia, servidores
levantaram cartazes com os seguintes dizeres: “fechar um hospital é retrocesso”
e “parem de vender a saúde”. Na frente da mesa de abertura, os servidores já
haviam afixado a faixa do Sindsprev/RJ com a frase: “Não ao fatiamento”.
Primeira a falar quando a palavra foi
aberta ao plenário, a servidora Maristela, da UniRio, criticou o modelo de
gestão proposto no Acordo de Cooperação. “O que está acontecendo aqui é a
privatização da saúde e da universidade pública. Querem dar de graça para o
capital financeiro explorar. Dia 18 de novembro, no G-20, as nações
exploradoras estarão aqui. Aí vêm com o discurso de que não tem dinheiro. Por
isso que devemos defender a luta pela reestatização do SUS e fora Ebserh”,
afirmou ela, sob aplausos.
Representando o Sindsprev/RJ, Cristiane
Gerardo fez duras críticas ao caráter da audiência pública convocada pela
reitoria da UniRio. “Ao tomar conhecimento desta audiência, eu esperava que
fossem apresentados os dados de que precisamos para ter conhecimento e assim
julgar a viabilidade deste projeto de fusão. Ao contrário, o que vimos foi uma
fala jocosa comparando a fusão a um casamento. A questão é que um casamento
pressupõe a livre vontade de ambos, e não a vontade de um só. Quando a vontade
é de um só, isto tem outro nome. É estupro. O que está acontecendo aqui e agora
não pode ser considerada uma audiência pública porque nos faltam os dados para
que possamos fazer algum juízo de valor. Quem hoje propõe a fusão não conhece a
realidade do HFSE, que também é um prédio antigo com graves problemas
estruturais. Para o bem da democracia, quero propor outra audiência pública
para que possamos expor nossas posições, uma audiência fundamentada com dados
técnicos e científicos sobre a fusão. E que qualquer projeto passe por
plebiscito no HFSE e no Hospital Gaffrée e Guinle”, afirmou ela, em um discurso
recebido por aplausos de todos os servidores, o que gerou grande
constrangimento dos representantes da reitoria e do diretor-geral do HUGG, João
Marcelo Ramalho.
Aos gritos de “a nossa luta é todo dia
porque saúde não é mercadoria”, os servidores manifestaram mais uma vez o seu
repúdio a qualquer proposta que implique a fusão dos dois hospitais e sua
entrega à Ebserh.
Publicado originalmente em:
O chamamento do ato: https://sindsprevrj.org/nesta-quinta-feira-24-10-as-8h-ato-unificado-contra-a-fusao-do-hfse-com-o-hospital-gaffree-e-guinle-fora-ebserh/
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